Foram muitas as vezes que solitário ou cansado procurei os corredores, estantes e sofá da livraria “mega-store” no shopping Manauara de Manaus em busca de conhecimento, informação ou, mais profundamente, diminuir a solidão e buscar significado para a vida.

Para os que não sabem, minha relação com Manaus já completa 15 anos e, entre espaços mais longos ou tão frequentes quanto 2 vezes ao mês em momentos mais intensos, minha estada nessa cidade encravada na floresta já passou de visita para praticamente uma segunda morada, uma segunda casa, um aconchego familiar.

Aqui fiz amigos, reencontrei irmãos, conheci novos cheiros e sons. Fiquei muitos momentos sozinho, que foram fundamentais para me conhecer melhor e em maior profundidade mergulhar em minha alma.

Aqui pude ter ampliada minha conexão com a Natureza pelo convívio junto à exuberante e viva floresta e os grandiosos e purificadores rios e cachoeiras. Também foi aqui no Amazonas que pude entender mais claramente as diferenças e gritantes dicotomias em que vivem grande parte de nós, brasileiros. O contraste entre rico e pobre, feio e belo, limpo e sujo, ordem e caos, ignorância e sabedoria, paz e violência, saúde e doença e entre tantas outras polaridades desse mundo de dualidades em que vivemos, tem aqui, por assim dizer, dimensões amazônicas.

Povo acolhedor, receptivo com cultura única, de beleza de alma mas com uma baixa alto-estima em sua grande maioria, que valoriza o que é “de fora” sem perceber bem o tesouro em que está inserido, com tanta riqueza cultural, gastronômica, natural e, em especial, energética (não estou me referindo à eletricidade) e espiritual.

Aqui me delicio com as frutas, mas não deixo passar o exótico sabor do tucupi, das castanhas frescas e dos variados tipos de farinha de mandioca e de macaxeira. Isso mesmo, não se trata da mesma coisa por aqui.

Profissionalmente também tenho uma relação profunda com Manaus. Da área de saúde às fábricas de bicicletas.

Aliás, foi o trabalho que me trouxe aqui a primeira vez e que viabilizou minhas frequentes vindas. Por isso sou grato ao meu amigo Luís Alberto, gestor da empresa que sou conselheiro há anos e já fui consultor e até diretor administrativo por um tempo.

Aliás foi essa relação profissional, em Manaus, que me ensinou sobre a área da saúde, gestão hospitalar, plano de saúde, laboratório e toda a complexidade desse setor tão importante para a vida e tão carente da Nação Brasileira.

Aliás, só pode ser o acaso divino ter me trazido para aprender sobre saúde. Para quem tinha medo de sangue, mas tendo vocação para a área pública e a política, não seria completa minha formação não fossem esses anos todos lidando com saúde. Experiências como advogado, empreendedor, empresário e consultor de empresas, professor e palestrante, faltava-me conhecer mais sobre um dos “calcanhares de Aquiles” de nossa Pátria.

Mas sobretudo, a Amazônia, me possibilitou me conhecer melhor, meditar e aprofundar no meu eu superior com e pela medicina natural da floresta, assim como pela observação do movimento da vida, da mãe natureza em sua abundante diversidade e sereno equilíbrio, mesmo com os mal tratos ocasionais dos humanos.

Nos momentos sozinho, se não estava na floresta ou nos rios, fazendo atividades físicas, era lendo os livros que comprei na livraria ou escrevendo sobre tudo o que refletia e percebia que ocupava meu tempo e minha mente.

Foi aqui, em dezembro de 2010, que escrevi o artigo “Eu queria ficar preso numa livraria”. Agora, anos depois, me vejo sentado na poltrona dessa mesma livraria deixando a caneta fluir solta para registrar o que pela emoção chega e passa sem ao menos ser percebida pelo filtro da razão.

Assim, creio que é de gratidão esse texto. Que é de reconhecimento, de aconchego.

E creio que, não acreditando em coincidências, deve ter algo mais a me mostrar, a me convidar essa livraria. Sinto lá no fundo, que é a vontade e o chamado de escrever um livro, que desde muito cedo me rondou.

Vamos ver se ele, o livro, nasce em breve. Nesse momento de minha vida onde a vaidade, o ego e os objetivos menores já estão sob controle pela maturidade e serenidade possibilitam deixar fluir, intuir, receber e materializar como ocorreu há cerca de um ano a escrita do texto “INTEGRITISMO – ousadia tupiniquim de propor um novo modelo sócio-político-econômico para o mundo.”

Quem sabe está chegando o momento de poder em páginas e palavras registrar então ideias e conceitos, vivências e visões, propostas e contribuições em forma de um livro.

Já plantei árvores, já tenho 3 filhos. Que venha o livro! Assim seja.

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