Será esse momento necessário para nossa evolução como sociedade? Será esse momento em que vivemos no Brasil necessário para o despertar, enfim, de nossa consciência e cidadania coletiva?

Teremos que forçosamente destruir os pilares, crenças e a “ordem” escusa em que construímos nossa relações de poder com o sofrimento social e econômico profundo de nosso povo? Por um tempo vivemos em uma bolha de esperança após a estabilização da moeda e fomos a menina dos olhos perante o mundo todo, porém, castelo erguido sob fundação frágil tem no desmoronamento seu destino certo.

Podíamos ter feito a mudança de nossa realidade pelo caminho do amor. Escolhemos, como Nação, o caminho da dor.

Me sinto pessoalmente responsável por tudo isso. Minha parcela de responsabilidade pelo menos. Responsabilidade por não ter feito mais, me doado mais, falado mais com as pessoas para mobiliza-las.  Não por culpa ou lamento, mas por crer que nos falta como povo e como base de nossa cultura o valor de se sentir responsável por nosso destino, ou seja, o valor do MEA CULPA.

MEA CULPA no sentido de cada um trazer para si a responsabilidade pelo que acontece, mesmo que não sendo diretamente causador ou causa do que supostamente se passa. Creio nisso pois essa antiga condição de reclamar dos políticos, da política, dos governos, dos partidos, do congresso, do Presidente do Senado e hoje dos ministros do STF, assim como colocar em terceira pessoa quando reclamamos do Brasil e dos brasileiros (“o brasileiro é corrupto, o brasileiro é isso ou aquilo”), é para mim sintoma claro de nossa deturpada consciência coletiva sobre nosso papel na sociedade e nas suas resultantes.

Sinto-me também um tanto frustrado. Pois há anos militando por um país mais justo e consciente em sua cidadania, tendo sido co-fundador do Instituto Acordem e Progresso (que tinha como missão contribuir com a consciência cidadã e política, especialmente de jovens, muito antes do nível caótico em que chegamos), sinto que podíamos ter feito mais. Sinto que adiamos mais uma vez para o futuro que nunca chega a propagada promessa e esperança de sermos O País do Futuro.

Sinto que era necessário ter despertado a maioria, e que por isso não ter ocorrido na hora certa, agora, teremos que pagar com esse sofrimento coletivo, esse show de horrores que vemos quase todos os dias nos desdobramentos da Lava-Jato, das ações do congresso, do executivo e do judiciário. O episódio com o presidente do Senado do dia 07 de dezembro de 2016 mostrou que ele está no mínimo tão perdido quanto envolvido nessa desordem generalizada que tem sido o trato com a as coisas públicas nos últimos anos.

Por fazer parte da parcela da população que teve acesso a educação e estudo de boa qualidade sinto que é sim da elite pensante e econômica a responsabilidade maior por se doar em fazer um país melhor. Isso sem ser de direita necessariamente, nem de esquerda (leia o texto Integritismo.com.br se tiver dúvida em que acredito) mas sim, buscando contribuir com o aumento da consciência, conhecimento e distribuição de renda pela evolução econômica da sociedade, em especial na base da pirâmide.

Sinto que fizemos pouco, de fato, de atitudes com resultados concretos, tangíveis no caminho da mudança que esperamos em nosso país. Nos tornamos bons em reclamar, em criticar, especialmente munidos das atuais ferramentas das redes sociais. Mas o que de fato fizemos e realizamos nesse sentido?

Observo os lados que se formaram em nossa sociedade, cada um com suas verdades e os conflitos de ego, de interesses, opiniões e apontamento de culpas que se desencadeiam disso e se avolumam com pouco efeito prático nos posts de críticas, lamentos e ataques vazios nas redes sociais. Quando somamos a isso a uma falta de bandeira ou propósito, e a falta de uma visão clara de para onde queremos ir e ser como Nação, fica fácil de entender o calabouço em que nos colocamos.

Enquanto a maioria de nós continuar com o sentimento de ausência de responsabilidade, ou MEA CULPA, continuaremos agindo como público, assistindo e comentando os fatos e não como Povo, que participa e constrói conscientemente seu enredo e sua história.

Se há um responsável, sou eu mesmo. Somos todos e cada um de nós mesmos, cidadãos.

Sempre se colhe o que se planta. Eis aí nossa colheita. É só refletir o que plantamos ou que ervas daninhas não colhemos no seu devido momento, antes de tomarem conta da lavoura para aprendermos.

Aprendamos com isso. Aprendamos com as dores, com os horrores, com os desmandos, com as mazelas da corrupção e todas suas consequências. Façamos disso a base da consciência necessária para as próximas escolhas, para as próximas atitudes.

Ainda há de ser tempo de, enfim, fazermos juntos o que temos de sonho, potencial e responsabilidade coletiva para com nosso povo, nosso país e para o mundo.

Há uma música que diz: “A Ordem se sobrepõe ao caos, e o Progresso é a consequência natural”. Creio que esse é nosso destino e é nesse sentido que vale a pena acreditar e com amor trabalhar pela ordem após o caos, tendo o progresso individual e coletivo como meta.

Bem, mas qual é a proposta? Pois só comentar, lamentar ou observar seria fazer mais do mesmo.

Sugiro que independente do caos em que vivemos atualmente, precisamos traçar um plano para o Brasil. Uma Visão, um novo Sonho.

E o como fazer, descobriremos a melhor forma fazendo. Vamos juntos? Vamos fazer desse triste momento nosso alicerce para a felicidade? A responsabilidade também é minha, e sua.

#somostodosresponsáveis #acordemeprogresso #integritismo

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